Tumba real maia em Caracol revela fundador de dinastia e possíveis laços com Teotihuacan
Durante quase quatro décadas, os arqueólogos Arlen e Diane Chase, da Universidade de Houston, dedicaram-se ao estudo das antigas estruturas maias de Caracol, um importante sítio arqueológico localizado na atual Belize. O trabalho contínuo na região permitiu mapear templos, praças e residências que revelam a complexidade urbana da civilização maia. Em 2025, essa persistência resultou em uma das descobertas mais relevantes já feitas no local, reforçando a importância histórica de Caracol no período clássico mesoamericano.
A descoberta da tumba real
Os pesquisadores anunciaram a identificação de uma tumba real com aproximadamente 1.700 anos, datada entre 330 e 350 d.C. Segundo as análises iniciais, o sepultamento pode ter pertencido a Te K’ab Chaak, um governante de grande prestígio na história local. A estrutura da tumba e seus elementos simbólicos indicam um enterro reservado a alguém de alto status político e religioso, condizente com a figura de um líder fundador.
Os objetos encontrados no interior da tumba
No interior da tumba, que estava coberta de cinábrio, um mineral vermelho frequentemente associado a rituais funerários, os arqueólogos encontraram uma máscara mortuária de mosaico quebrada, confeccionada com jade e conchas. Também foram identificados brincos de jade, material altamente valorizado entre os maias por seu significado espiritual e social. Além disso, os ossos pertenciam a um homem idoso, cujo crânio havia se deslocado e rolado para dentro de um vaso de cerâmica, um detalhe que chamou a atenção dos pesquisadores e contribui para a interpretação ritual do sepultamento.
Te K’ab Chaak e a fundação de uma dinastia
Caso a identificação seja confirmada, os restos mortais pertencem a Te K’ab Chaak, considerado o fundador de uma dinastia que governou Caracol por cerca de 500 anos. Essa descoberta tem grande impacto para a compreensão da organização política maia, pois oferece evidências concretas sobre a origem de uma linhagem governante e sua continuidade ao longo de vários séculos. A tumba reforça a ideia de que Caracol foi um centro de poder regional duradouro e estrategicamente relevante.
Indícios de contato com Teotihuacan
Outros achados no sítio arqueológico também ampliam o alcance histórico da descoberta. A presença de um túmulo de cremação e de lâminas de obsidiana verde sugere possíveis conexões entre os maias de Caracol e a distante cidade de Teotihuacan, localizada no atual México. Teotihuacan era uma das maiores e mais influentes cidades da Mesoamérica na época, e esses elementos indicam intercâmbios culturais, políticos ou comerciais entre regiões separadas por grandes distâncias. Esses indícios reforçam a complexidade das relações entre civilizações antigas e ajudam a reavaliar o nível de interação existente no mundo maia clássico.
