
A GreenLight Biosciences apostou alto ao desembarcar no Brasil com uma tecnologia promissora: biopesticidas, inseticidas e fungicidas baseados em RNA (RNAi), que agem silenciando genes específicos de pragas, mas sem afetar outras espécies — uma revolução em termos de precisão, biodegradabilidade e menor toxicidade. O produto já disponível no país é o Fortivance™, um adjuvante que maximiza a eficiência de defensivos convencionais por meio dessa abordagem genética.
Segundo Catie Lee, vice-presidente global de Assuntos Públicos da GreenLight, o objetivo é oferecer ao agricultor brasileiro soluções com o mesmo preço de mercado atual, mas que entreguem ganhos reais em sustentabilidade e segurança. O Brasil é visto pela empresa como um dos mercados agrícolas mais estratégicos do mundo.
A tecnologia RNA da GreenLight já foi testada e avaliada pelos órgãos reguladores brasileiros — CTNBio, Anvisa, Ibama e MAPA — que concluíram que seus produtos não envolvem organismos geneticamente modificados (OGMs), permitindo o início da fase de testes experimentais. Entre os protótipos em campo, destacam-se fórmulas voltadas para controle de fungos em videiras e de ácaros que atingem culturas como frutas cítricas e café.
A empresa visa lançar pelo menos 10 novidades nos próximos cinco anos, sendo cinco delas específicas para o Brasil. Para sustentar essa expansão, obteve um aporte de 25 milhões de dólares da gestora Just Climate, que tem Al Gore como um dos fundadores. O plano é aumentar em dez vezes a capacidade produtiva, fortalecendo sua atuação em território brasileiro.
No mercado internacional, o biopesticida Calantha® já se consolidou no controle do besouro-da-batata-da-Colômbia nos EUA, com 10% de participação no segmento. Esse resultado pôs a GreenLight como pioneira: a primeira empresa a comercializar globalmente um produto foliar à base de RNA, aprovado também na Ucrânia e em processo de registro na União Europeia.
Diferentemente dos defensivos químicos tradicionais, os produtos de RNA apresentam rápida degradação ambiental, não deixam resíduos, preservam insetos benéficos e evitam riscos à saúde humana e animal — uma proposta alinhada às exigências por práticas agrícolas mais limpas e eficientes