A grande diferença evolutiva entre a linhagem dos pterossauros e a das aves reside no desenvolvimento de estruturas cerebrais adaptadas ao voo.
As aves descendem de certos dinossauros terópodes que já possuíam estruturas cerebrais semelhantes às das aves modernas. Segundo o biólogo, a base neurológica útil para o voo foi, em parte, herdada de seus ancestrais. Em contraste, os pterossauros tiveram de criar essas adaptações do início.
A principal distinção neurológica entre os dois grupos está no tamanho do flóculo, uma região que faz parte do cerebelo e está diretamente ligada ao controle da cabeça, dos olhos e da estabilidade durante o voo. Nos pterossauros, esta estrutura era incrivelmente desenvolvida, sendo muito maior do que a observada em qualquer outro réptil. O especialista afirma que esse aumento não tem paralelo conhecido na evolução animal.
A Asa-Membrana Sensorial dos Pterossauros
Outra diferença crucial está na estrutura das asas. As asas dos pterossauros eram formadas por uma extensa membrana que cobria boa parte de seu corpo. Essa estrutura contrasta com as asas das aves, que são cobertas por penas e são menos sensoriais do que a pele.
O biólogo brasileiro explica que a membrana dos pterossauros era altamente sensorial, sendo sensível a, por exemplo, mudanças no vento. Ela também auxiliava na determinação da posição do corpo e na tensão durante o voo. Isso implicava que, enquanto voavam, os pterossauros recebiam uma enorme quantidade de informação sensorial vinda dessa asa-membrana.
A Função Crucial do Flóculo Expandido
Para que toda essa informação sensorial pudesse ser processada de forma eficiente, o flóculo se tornou vital. O pesquisador indica que, em animais atuais, o flóculo é responsável por coordenar reflexos que estabilizam a cabeça, o pescoço e os olhos. Esses reflexos garantem que a imagem na retina permaneça nítida mesmo quando o corpo está em movimento rápido. Predadores modernos, por exemplo, costumam ter flóculos maiores justamente porque precisam manter a visão estável enquanto perseguem suas presas.
No caso dos pterossauros, o flóculo extremamente expandido ajudava a estabilizar a visão durante o voo. Isso permitia que eles mantivessem o foco visual, apesar de receberem tantos sinais da asa-membrana. Em essência, quanto mais sensível era a asa, maior era a necessidade de um sistema neurológico capaz de manter a visão firme e clara. O flóculo cumpria exatamente esse papel, assegurando que os pterossauros conseguissem voar com precisão e controlar bem seu corpo no ar.
