
No coração da Área de Conservação Estadual de Pilliga, cerca de 417 km ao norte de Sydney, uma câmera escondida registrou um registro emocionante: uma cadela bandicoot acompanhada de três filhotes, todos de uma espécie que acreditava-se estar extinta há mais de 150 anos. O flagrante ocorreu em 22 de julho de 2024, mas só foi divulgado recentemente, gerando impacto entre conservacionistas da Austrália.
O marsupial bandicoot é noturno e de porte pequeno a médio, mas o que torna essas imagens tão surpreendentes é que pesquisadores já o consideravam desaparecido da fauna local há cerca de um século e meio. A ONG Australian Wildlife Conservancy — responsável pelas câmeras instaladas — classificou o registro como uma “jóia rara e inspiradora” no esforço para recuperar fauna perdida.
Esse encontro foi fruto de um projeto científico que reintroduziu bandicoots na região desde agosto de 2023. O foco da iniciativa foi restaurar até seis espécies nativas, utilizando áreas protegidas e livres de predadores naturais em uma reserva com cerca de 5.800 hectares. O objetivo é criar populações viáveis e ajudar no equilíbrio dos ecossistemas.
A presença dos filhotes indica não apenas que a espécie pode prosperar em liberdade, mas representa um sopro de esperança sobre a capacidade de reverter perdas na natureza. Segundo especialistas, a descoberta reforça como projetos de conservação bem estruturados podem recuperar espécies consideradas “perdidas” e integrar modelos híbridos de preservação, combinando áreas protegidas, vigilância por câmeras e participação comunitária.
O sucesso no Pilliga serve como exemplo para iniciativas globais de reintrodução. Outros casos incluem projetos na Ilha de Santa Catarina, onde equipes trabalham para reintroduzir felinos nativos, como o gato-maracajá e o gato-do-mato-do-sul — ambos preocupados com hibridização e fragmentação de habitat.
Ainda que o registro seja um marco, o trabalho continua. É preciso monitorar os indivíduos reintroduzidos, avaliar riscos — como predadores, doenças e competição — e garantir áreas seguras e interligadas. A longo prazo, espera-se restaurar populações naturais com diversidade genética suficiente para assegurar a sobrevivência da espécie.