
Um recente parecer acadêmico defende que a busca por petróleo na Margem Equatorial não apenas é legítima, como também viável do ponto de vista ambiental, desde que sejam adotadas medidas técnicas eficazes e planejamento robusto. Esse instrumento técnico reforça a ideia de que a região, rica em potencial geológico, pode ser explorada com segurança e respeito às áreas sensíveis.
Segundo o estudo, a Margem Equatorial — que inclui as bacias da Foz do Amazonas, Pará-Maranhão, Barreirinhas, Ceará e Potiguar — tem características semelhantes às fronteiras petrolíferas estimadas nos países vizinhos, como Guiana e Suriname, já bem aproveitadas com sucesso. A região brasileira, apesar de menos estudada, apresenta indícios promissores de expansão da produção nacional, o que a coloca como alternativa estratégica para garantir a sustentabilidade energética a médio e longo prazo.
Economicamente, a pesquisa simulou impactos positivos utilizando a metodologia de matriz insumo-produto. Os resultados indicam que investimentos na área, conforme previstos no plano de negócios da Petrobras, poderão estimular setores como máquinas e equipamentos, refino, serviços corporativos e transportes. Em cenários mais ambiciosos, os efeitos positivos se estendem a variáveis como PIB, emprego e arrecadação de impostos, especialmente em regiões que historicamente receberão investimentos diretos — como os estados do Norte e Nordeste — e onde o efeito multiplicador econômico é mais expressivo.
O estudo ressalta também que qualquer decisão de extração deve ser acompanhada de análises ambientais detalhadas, incluindo avaliações de impacto acumulado nos ecossistemas. A adoção de instrumentos técnicos como Avaliação Ambiental de Área Sedimentar (AAAS), planos emergenciais com capacidade operacional robusta e estudos sobre correntes oceânicas são condicionantes fundamentais para garantir que o risco de degradação permaneça controlado.
Embora esse parecer acadêmico considere legítima a exploração na Margem Equatorial, ele não ignora o embate político e ambiental que envolve o tema. O Ibama, por exemplo, já negou licenças para perfuração em blocos estratégicos como o FZA‑M‑59, citando a fragilidade dos estudos apresentados e a necessidade de aprofundamento técnico. Essas decisões refletem preocupações com a biodiversidade marinha, com comunidades tradicionais e com os ecossistemas ainda pouco compreendidos da região.