A pesquisa sobre os dentes do dragão-de-komodo, conduzida por LeBlanc, não começou com o réptil em mente, mas sim com um desafio da paleontologia: os dentes dos dinossauros carnívoros. Segundo LeBlanc, o estudo dos dentes de dinossauros é dificultado pelas “muitas alterações químicas e mecânicas” que ocorrem após o enterro por milhões de anos, tornando “muito difícil obter informações significativas a partir dele”.
O Dragão-de-Komodo como Análogo dos Dinossauros
A dificuldade em estudar o material fóssil levou à escolha de um análogo vivo. O dragão-de-komodo é um animal que compartilha características com animais extintos, como os dinossauros carnívoros, apresentando dentes longos, curvos e serrilhados. Essa similaridade morfológica o tornou um espécime ideal para a investigação.
A Descoberta Inesperada nos Dentes
Ao inspecionar os dentes de dragões-de-komodo em espécimes de museu, LeBlanc notou um padrão recorrente: um tom alaranjado que se manifestava ao longo das bordas serrilhadas. Inicialmente, ele descartou a observação, considerando que fossem apenas “manchas causadas pela alimentação”, uma vez que a dieta rica em carne desses répteis pode levar à absorção de ferro.
Entretanto, após ver o padrão se repetir em mais espécimes, LeBlanc buscou a colaboração de outros cientistas e curadores para analisar mais crânios de dragões-de-komodo. O padrão mostrou-se consistente em todos os materiais inspecionados.
Análise Química Confirma o Reforço de Ferro
Para entender a natureza da coloração, LeBlanc e seus colegas realizaram cortes nos dentes e os submeteram a análises químicas detalhadas. O resultado confirmou que a cor laranja era, de fato, causada pela presença de ferro.
Utilizando microscópios de alta potência, os pesquisadores conseguiram identificar o ferro concentrado em uma fina camada do esmalte dos dentes. LeBlanc descreveu o achado como “realmente um revestimento sobre o esmalte, como uma cobertura sobre um bolo”.
D’Amore, outro pesquisador envolvido, enfatizou a relevância da localização do ferro, que estava majoritariamente nas serrilhas. Ele afirmou que é “interessante que as serrilhas tenham a maior parte do ferro, o que sugere que elas são reforçadas”, pois são “particularmente importantes” no processo de cortar as presas.
