A Amazônia é reconhecida globalmente como a maior floresta tropical do planeta, abrigando uma biodiversidade incomparável. Estima-se que este vasto ecossistema seja o lar de milhões de espécies vegetais e animais, muitas das quais ainda desconhecidas pela ciência.
Entre os habitantes fascinantes da região, destacam-se as borboletas. Inúmeras espécies nativas da Amazônia exibem cores e formas espetaculares. Exemplos notáveis incluem a deslumbrante Morpho menelaus (conhecida como “blue morpho”), a Prepona narcissus, a delicada Cithaerias andromeda e a intrigante Historis acheronta.
Borboletas como termômetro do desmatamento
As borboletas estão intrinsecamente ligadas à vegetação onde vivem, uma vez que as plantas servem como alimento para as lagartas e fonte de néctar para os insetos adultos. Por essa forte associação e sua extrema sensibilidade a alterações ambientais bruscas, elas se estabeleceram como importantes “termômetros” ou bioindicadores dos ecossistemas.
No contexto amazônico, essa sensibilidade significa que as borboletas são afetadas diretamente pela diminuição das áreas de mata, o que as torna um indicador crucial dos efeitos do desmatamento. A redução da cobertura florestal impacta seus habitats, suas fontes de alimento e seus ciclos de vida, tornando-se um reflexo visível do dano ambiental.
O impacto do desmatamento nos ecossistemas é vasto, conforme relatado por especialistas. Cristiano Agra, professor e pesquisador da Universidade Federal de Pelotas (UFPel) e coorientador de um estudo relevante sobre o tema, destacou a magnitude dessa destruição para a Agência Brasil.
Classificação por cores e contato ambiental
Em um estudo colaborativo, cientistas investigaram a fundo essa relação entre as borboletas e as mudanças ambientais. Eles coletaram e analisaram as características de 60 espécies de borboletas em vários locais da floresta amazônica, cada um com diferentes níveis de impacto humano.
O foco da pesquisa foi nas cores das asas dos insetos. Os pesquisadores criaram uma classificação onde cada espécie foi listada de acordo com sua composição geral de cores e a probabilidade de contato com o ambiente ao redor, permitindo correlacionar as características visuais das borboletas com o grau de degradação do seu habitat.
As diferenças nas cores e padrões das asas podem, assim, fornecer pistas importantes sobre como as espécies estão respondendo à pressão do desmatamento e outras intervenções humanas.
