A Organização Meteorológica Mundial (OMM) já alertava sobre a raridade de furacões atingirem a Categoria 5. No entanto, o cenário pode estar mudando drasticamente devido às alterações atmosféricas e ao aquecimento da temperatura dos oceanos, ambos causados pelas mudanças climáticas.
O aquecimento global e a intensidade dos furacões
Um relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) aponta que o aquecimento das temperaturas tende a tornar os furacões mais lentos e mais chuvosos. Além disso, aumenta a probabilidade de uma rápida intensificação – um fenômeno em que a tempestade eleva sua velocidade do vento em 56 km/h em apenas 24 horas, conforme detalhado em um artigo da NatGeo.
O caso do furacão Melissa
O furacão Melissa ilustrou perfeitamente esse padrão. Ele evoluiu de tempestade tropical para um furacão de Categoria 4 em menos de 24 horas, e seguiu ganhando força até alcançar o nível 5 da escala Saffir-Simpson. Sua velocidade de avanço foi considerada “lenta” para um furacão, movimentando-se a cerca de 5 km/h, o que, segundo a OMM, potencializa a destruição devido aos ventos e à quantidade de chuvas nas áreas afetadas.
A organização Climate Central, composta por cientistas e jornalistas focados em mudanças climáticas, informou que o Melissa se intensificou rapidamente sobre águas oceânicas que estavam cerca de $1,4 °C$ mais quentes que a média. Este aquecimento anormal é considerado até 700 vezes mais provável devido às mudanças climáticas causadas pela ação humana. Estima-se que, como consequência, os potenciais danos causados pelo Melissa tenham crescido em 50%.
O furacão Milton e o papel dos oceanos quentes
Outro evento que seguiu o padrão de rápida intensificação e atingiu a Categoria 5 foi o furacão Milton, em outubro de 2024. Ele atingiu o sul dos Estados Unidos, com foco na Flórida, e também chamou a atenção dos especialistas. A Administração Oceânica e Atmosférica Nacional (NOAA) explica que “quanto mais quente estiver o oceano, mais combustível haverá para os furacões se intensificarem, desde que outras condições atmosféricas (como o cisalhamento do vento) também sejam favoráveis”. Isso reforça o papel crucial do aumento da temperatura do oceano na geração de tempestades cada vez mais poderosas.
