
O cenário do desmatamento no Brasil apresentou contrastes no último ciclo de 12 meses, entre agosto de 2024 e julho de 2025. Um dos destaques é a reversão histórica do Cerrado, que, pela primeira vez desde 2020, registrou uma queda de 21% nos alertas de desmatamento, totalizando 5.555 km² perdidos. Embora ainda represente uma área maior que a da Amazônia, essa redução sinaliza uma mudança de tendência importante na segunda maior savana do mundo.
Já a Amazônia sofreu uma leve alta de 4% no mesmo período, totalizando 4.495 km² de vegetação nativa suprimida — um dado que, apesar da piora, permanece entre os menores da série histórica iniciada em 2016. A elevação no bioma está relacionada principalmente a incêndios que avançaram durante a seca prolongada de 2024.
No Pantanal, a virada foi ainda mais expressiva com uma notável redução de 72% na área em alerta para desmatamento, de 319 km². Isso reforça o sucesso das medidas de proteção implementadas no bioma, que ganha cada vez mais destaque nas ações de preservação ambiental.
Esse cenário de mudança de comportamento em diferentes biomas do país reforça a eficácia de uma agenda confiável de monitoramento ambiental e de ações de fiscalização, sobretudo conduzidas pelo Inpe e outros órgãos públicos. A governança nesse campo segue firme, ainda que a situação permaneça delicada.
O Cerrado também mostrou sinais positivos em outra frente: seu desmatamento diminuiu 15% no primeiro semestre de 2024 em comparação ao mesmo período de 2023, com redução de alertas especialmente nos estados do Matopiba (Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia). A ministra do Meio Ambiente destacou que esse resultado reflete o impacto do plano de combate ao desmatamento lançado no fim de 2023 e da atuação colaborativa com governos estaduais.
Na Amazônia, apesar do recuo observado no ano anterior, a alta recente no número de alertas de desmatamento, impulsionada por queimadas na floresta primária, é motivo de preocupação. O secretário extraordinário de Controle do Desmatamento ressaltou que esse aumento foi desencadeado pelos incêndios seguidos do período de seca e representa um alerta para intensificar os mecanismos de prevenção e combate ao fogo, já em curso.